Fiquei com vergonha e não
gritei “Liverpool eight!” quando Ringo Starr perguntou “Any request?” no final
do show, ontem, dia 29/10, em São Paulo-SP. Mas ele mesmo respondeu imediatamente
a pergunta com “OK Photograph!” e começou a cantar seu grande sucesso. O público
ergueu fotografias dele com o gesto peace and love. Creio que ele divertiu-se tanto quanto nós na plateia.
Embalado pela All Starr Band, por duas horas, viajei no tempo. Lembrei do
primeiro disco que comprei, um compacto simples, com “I wanna hold your hand” e
“She loves you”. A primeira era a vencedora diária do programa Músicas na
Passarela, da Rádio Tamoio AM – que tocava música exclusivamente música – e a
segunda era o prefixo do programa Cavern Club, do radialista Big Boy, na
Mundial AM – que era show musical.
Lembrei também do José
Calvent, meu colega no Colégio Batista, na década de sessenta, que guardava na
carteira, orgulhoso, o ingresso de um show da banda nos E.U.A.
Lembrei ainda da Cristina
Cesarino, minha amiga querida, uma verdadeira Beatlemaníaca, que assistiu “A hard day´s night” e “Help!” mais de
cinquenta vezes - no cinema!!! - antes de partir para o lendário festival de Woodstock, em 1969, e, anos depois, enfrentar sol e chuva em vigílias para ver Paul in Rio e in São Paulo.
Pensei em Liverpool onde percorri Penny Lane, parei no portão de Strawberry Fields, bebi cerveja e ouvi rock 'n' roll no
Cavern Club e passeei pela cidade no ônibus
The Magical Mistery Tour e em longas caminhadas, conhecendo as casas dos futuros astros, a barbearia e o Corpo de Bombeiros.
Pensei também em pessoas que conheci e que conseguiram unir o útil ao agradável, trabalhando em função dos seus ídolos, como o Marco Mallagoli, fundador do fã-clube “Revolution”, o Luiz Antônio da Silva, fundador do fã-clube "Beatles Cavern Club" e o David Bedford, autor do livro “Liddypool – o berço dos Beatles”, entre outros.
Demorou muito, mas finalmente estive diante de um Beatle de verdade, meio século depois da criação da banda. E ele é simpático e modesto no palco, exatamente como sempre achei que era, deixando todos brilharem e sem querer ofuscar ninguém.
Ainda guardo meus vídeos,
discos e livros da época com muito carinho e agora a coleção aumentou porque tenho o meu próprio ingresso como lembrança, além da fotografia exibida no evento.
Mas já perdemos metade do Fab Four e por que é que os empresários não se entendem e realizam logo um
concerto - de preferência beneficente - reunindo Ringo, Paul e os filhos Julian Lennon e Dhani
Harrison?
Os rapazes são muito parecidos com seus pais e vê-los todos juntos em cena causaria a boa e fugaz sensação de que o tempo não passou e que permanecemos jovens, magros e cabeludos como eles. E por que não? Afinal de contas o sonho não acabou...
Ringo no Credicard Hall - SP em 29/10/2013 - Foto Rio News
Ringo interpreta Liverpool 8, no YouTube
Mallagoli e seu site Revolution
P.S.: Não gosto da palavra "Ex-Beatle"
porque acho que Beatle só se é uma vez e para sempre!!!
Dedicado a Cristina Cesarino, Amiga querida e Beatlemaníaca de primeira hora