sexta-feira, 18 de julho de 2014

João Ubaldo Ribeiro: Naquela mesa tá faltando ele...


O filme “Antes de partir”, de Rob Reiner com Jack Nicholson e Morgan Freeman, de 2007, me impressionou muito e, na época, fiz uma lista das coisas que queria fazer antes de morrer. Uma delas era conhecer João Ubaldo Ribeiro pessoalmente. Por que? Porque gosto dele, dos seus livros e do seu estilo.


Conversando com Othon Orico, soube que eles frequentavam o mesmo bar, o Tio Sam, do Leblon, nos finais de semana.  Pedi ao Othon para me apresentar a ele. Meu amigo, um mestre na arte de mimar os amigos, disse que sim, claro, mas que me apresentaria a um outro amigo dele e que este outro sim, me apresentaria ao João Ubaldo.


Foi assim que conheci Zoroastro Sant’Anna, o Zoró. Eu queria conhecer uma pessoa genial e acabei conhecendo duas: João e Zoró.


No dia marcado para conhecer o João, só consegui lugar na mesa ao lado. Soube depois que os lugares na mesa “dele” eram disputadíssimos e quase sempre pelo mesmo grupo. Não conversei com ele frente a frente nem lado a lado, mas sim meio na diagonal e foi o suficiente para entender o porquê da disputa pelos lugares: foi um excelente bate-papo! Ele foi simpático, bem-humorado, criativo e modesto. Nem parecia que eu conversava com um escritor consagrado, no país e no exterior, um imortal da Academia Brasileira de Letras.


Falava devagar e modulava o vozeirão para falar baixo. De vez em quando usava um palavreado rebuscado, mas só de gozação. Ele riu e fez rir.


Numa certa hora ele terminou o chope, levantou, despediu-se de todos e foi andando para casa, tranquilo, de camiseta, short e chinelão. Da mesa, acompanhei-o com o olhar até dobrar uma esquina e desaparecer.


Depois desse encontro troquei e-mails com o grupo e com o próprio João Ubaldo, mas nunca mais o vi.


Hoje, sabendo que ele partiu fiquei muito triste e com uma certeza: Amanhã é sábado e vai faltar ele naquela mesa do Tio Sam. É bem capaz dele caminhar nas areias de Itaparica. O Homem foi embora, mas deixou sua obra... e a Saudade!


Link:

No YouTube uma música que não sai da minha cabeça: "Naquela mesa", de Sergio Bittencourt, dedicada ao Jacob do Bandolim, mas que pela universalidade do tema bem que poderia ter sido dedicada ao João Ubaldo Ribeiro.
http://youtu.be/ARKka37mDwU




Foto: Para a diretoria não é necessária apresentação.

Imagem de João e Zoró, no Tio Sam, obtida no perfil de Alexandre Milagres, no Facebook

Texto dedicado ao Othon Cezar Orico, o Amigo que me apresentou ao João Ubaldo e ao Zoró.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Feliz Aniversário, Ritchie!


Ritchie e Johnny nasceram em 1940 na Inglaterra, durante a guerra mundial, e a rotina da população era procurar os abrigos antiaéreos quando soavam as sirenes. A aviação inimiga atacava impiedosamente com bombardeiros Heinkel 111, escoltados por caças ME109, os temidos Messerschmitt.

 

No céu a aviação inglesa contra-atacava com os caças Hurricanes tentando impedir a aproximação dos bombardeiros enquanto que os caças Spitfires duelavam com seus rivais que escoltavam as esquadrilhas alemãs.

 

Em terra, os soldados respondiam ao bombardeio com fogo antiaéreo. À noite, o blackout ocultava o trabalho das ambulâncias, padioleiros, bombeiros e equipes de voluntários procurando pessoas soterradas. Os feridos civis e militares acumulavam-se e eram, muitas vezes, socorridos em hospitais de campanha, os únicos disponíveis. Um período muito difícil de esquecer. Mesmo cercados por ruínas e incêndios os dois meninos sobreviveram à guerra.

 

Esse período da História ficou conhecido como a Batalha da Inglaterra e Winston Churchill cunhou a frase “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”, referindo-se aos bravos pilotos daquela época. Apesar do esforço, a Alemanha não invadiu a Inglaterra.

 

Quando a guerra acabou e o mundo estava novamente em paz, a Inglaterra foi invadida, mas só em 1955 e dessa vez pela música Rock around the clock, do americano Bill Halley e seus Cometas. O novo ritmo tomou conta da juventude como uma febre.

 

Depois foi a vez dos “Hurricanes” ingleses invadirem a Alemanha, mas não mais com os aviões de combate e sim com a banda liderada por Rory Storm e com Richard Starkey na bateria.

 

Em 1962 Johnny, ou melhor, John Winston Lennon, já rapaz, convidou Richard para integrar sua banda de rock ’n’ roll que já contava com outros dois integrantes, um pouco mais jovens, chamados Paul e George. Richard aceitou o convite, mudando seu nome para Ringo.

 

A música sempre foi uma poderosa aliada na aproximação dos povos e, em uma dessas voltas que a vida dá, os quatro rapazes estavam na Alemanha que outrora lançava bombas sobre eles, mas agora oferecia uma oportunidade de trabalho.

 

Naquela temporada eles mudaram o penteado e o figurino, criando uma imagem diferente de tudo o que já havia sido visto; fizeram amigos e adquiriram instrumentos musicais de qualidade Made in Germany que acompanharam toda a carreira do grupo e possibilitaram a criação do inconfundível som dos Beatles.

 

O final dessa história você conhece: Duas décadas depois da guerra, os rapazes criaram o fundo musical para uma geração em todo o planeta. O mais curioso é que a magia continua porque filhos e netos daquela geração gostam das mesmas músicas, muito tempo depois do fim da Beatlemania...

 

 
Parabéns Ringo pelos seus 74 anos completados hoje. Muita Saúde e muita Alegria!

 

Acredito que seu gesto permanente de Paz e Amor é por ter visto a guerra tão de perto...

 





 Imagem: Rory Storm and the Hurricanes - obtida na Internet sem nome do autor visível



Links:


Ainda dá tempo de ver objetos originais da Beatlemania no acervo do colecionador Marco Antônio Mallagoli:




Exposição na capital conta um pouco da história dos Beatlles


globotv.globo.com



Os rivais "Spitfire" e "Messerschmitt " estão no Museu da TAM em São Carlos-SP


http://youtu.be/X59C9kaU5s8





Dedicado à Marta Bognar, a Wingwalker do Brasil, que ouviu, pacientemente, essa história na ABAAC.