domingo, 20 de dezembro de 2015

Bem-vindo a bordo, Juca Tovar!


Ficamos Amigos de repente. Um Amigo comum, o Naylor, apresentou-nos. Éramos vizinhos na rua Sá Ferreira, em Copacabana, em 1970.


Éramos jovens, solteiros e queríamos conquistar o mundo. Saíamos quase toda noite.


O apartamento do Juca era o retrato da época e muito legal: Todo branco e com objetos coloridos. Uma banheira, de ferro, com pezinhos, cortada com maçarico, pintada com epóxi também branco e muitas almofadas, era o sofá da sala.


Lembro que havia uma mesa que virava prancheta ou vice-versa. Sobre ela havia um jogo de xadrez cujas peças eram miniaturas de figuras medievais. As torres, por exemplo, eram carros de assalto usados contra as muralhas dos castelos.


A música ficava por conta do violão, do toca-discos e muitos LPs.


Eu tinha um jipe DKW Vemag, Candango 2, azul, e com ele fazíamos a ronda noturna nos bares de Copa. Ainda não existia a lei seca e nem era preciso porque, afinal, não bebíamos tanto assim...


Em 1973 mudei para a Tijuca com meus pais. Trabalhava de dia e estudava à noite na UERJ, no Maracanã. Nos finais de semana sobrava pouco tempo e energia para a ronda nos bares.


E perdemo-nos de vista, mas hoje, quarenta e cinco anos depois, graças ao facebook que (somado ao YouTube) funciona como a verdadeira Machina do Tempo, estamos em contato novamente.


Um brinde aos Bons Amigos e às Boas Recordações!


Viva a Vida!!! 



Dedicado ao Juca Tovar, meu Amigo


domingo, 30 de agosto de 2015

A.O.G. = Aircraft On Ground = Aeronave No Solo*




Meu pai sempre gostou de automóveis e aviões e, na juventude, foi mecânico do Constellation, da Panair do Brasil.

Cresci gostando de aviões. Coincidência ou não, muito tempo depois fui trabalhar numa empresa do ramo aeronáutico, onde a rotina era dinâmica, 24/7, isto é, 24 horas por dia, sete dias por semana. A turma era unida.


Na época eu respirava aviação e no evento Adventure Sports Fair, em São Paulo, fui apresentado ao Casal  Margi e Gérard Moss, pelo Sergio Franco. Trocamos cartões.


No mês passado, depois de dez anos afastado do grupo, fui a uma happy hour assistir a apresentação dos amigos Laudio e Fábio, e lá encontrei o Marino, outro ex-colega de trabalho
Ouvindo música, revendo velhos Amigos, lembrei das recentes postagens do Gérard no facebook: O dia a dia da sua aventura com um velho Citroen na Rússia e Mongólia.


E lembrei também de uma história que aconteceu na época em que trabalhávamos juntos:


Uma vez eu estava no escritório depois do horário de expediente e recebi uma ligação: Era o Gérard.

Ele estava em São Paulo, numa conversa telefônica, ajudando um colega piloto, com o avião em “pane” no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.


Perguntou se havia alguém da área técnica que pudesse responder perguntas do outro piloto. Pedi para ele aguardar na linha que eu iria procurar alguém. Encontrei o Marino e fomos para a sala de conferências.


Quando começou a reunião telefônica, o piloto que falava em inglês com o Gérard, disse que não conseguiria explicar “tecnicamente” em inglês o que havia acontecido com o motor da aeronave: Ele só conseguiria expressar-se em alemão ou francês...
Saí procurando o Karim e encontrei!
E a conversa telefônica - conference call - das cinco pessoas em lugares diferentes  ficou assim:
  1. Piloto, no Rio, fazia a pergunta em francês;
  2. Gérard, em SP, apenas ouvia;
  3. Eu, em São Bernardo, apenas ouvia;
  4. Karin, em São Bernardo, repetia a pergunta em português;
  5. Marino, em São Bernardo, respondia em português;
  6. Karin repetia a resposta em francês...
E a cada pergunta repetia-se o vai-e-vem. Resumindo, foram mais ou menos meia dúzia de perguntas e meia dúzia de respostas... e o problema foi resolvido pelo Marino, por telefone!
E o piloto voou para São Paulo em segurança.




Aproveito essa oportunidade e pergunto:
_ Marino, como terminou essa história?



Bem, voltando para o presente, o Gérard agradece no facebook a ajuda que recebeu de pilotos e mecânicos nos locais mais remotos para concluir essa outra grande aventura.

Sou testemunha de que  ele é solidário e que plantou boas sementes pelos lugares por onde passou e, por isso, colhe bons frutos.






Simples assim!...

(*) Termo aeronáutico, que na prática significa “Resolva já o problema que impede a aeronave de permanecer voando!!!”
 

Texto dedicado aos meus Amigos, ex-colegas da RRB


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Lucia Souto escreveu...


“Li um texto que falava da velhice, nele a pessoa dizia que o passar dos anos lhe deu o direito de ser esquecida, relaxada e feia, foi assim que entendi.

Então resolvi dar a minha versão.

Os anos passaram e confesso que o frescor da juventude, não tenho mais.

Também não tenho mais a agilidade, memória, mas em troca, o tempo me fez ser mais esperta e saber substituir as perdas.

Hoje, se a memoria falha, a inteligência procura caminhos para driblar a situação.

A agilidade e frescor, deram espaço ao charme e a sensualidade nos movimentos e pensamentos.

A cosmética nos deu o direito de decidir se nossos cabelos vão ficar brancos ou das cores mais variadas que desejarmos.

Também posso decidir se terei na pele as marcas dos sorrisos, das lágrimas... ou guarda-las junto as experiências e fazer aquela plástica ou Botox que cientistas descobriram para que tenhamos mais essa opção.

Desde que nos conhecemos como gente, a vaidade nos acompanha. Ainda criança, desejamos ser bonitos, desejados e admirados; porque seria diferente quando chegamos a melhor idade?

Melhor porque estamos experientes, conhecedores do mundo como ele é e não como sonhamos que ele seria, bonitos por termos a alma plena e já sabermos que o amor sincero vale mais que mil aventuras amorosas, mesmo que o involucro não seja do seu tipo ideal.

Esse é o momento para escolher o maiô que melhor te veste, de colocar a saia no comprimento que valorize suas pernas, a camisa que lhe deixa mais charmoso.

Com a idade, preciso cuidar do meu sorriso, do meu hálito, da minha postura... preciso ficar mais atenta ao comer e falar, porque meu corpo, diferente da mim, está cansado, desgastado e dependente da minha vontade em faze-lo portar se elegantemente.

Passei anos construindo esse ser maravilhoso que me tornei e não vou, por preguiça, direito ou qualquer que seja a desculpa que queiram dar, deixar que ele perca saúde, beleza e elegância, que acredito ser exemplo pra juventude que me admira e respeita.

Se acreditamos que exemplo é o caminho do melhor aprendizado, que sejamos nós o exemplo de educação, sabedoria e respeito ao envelhecimento digno”.

 

Lucia Souto

 

 

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Lucia Souto: esposa, mãe, avó, atriz, desenhista, motociclista... Amiga!






sábado, 9 de maio de 2015

São Paulo, SP 10 de maio de 1995


                         

 Querida Mamãe:


Hoje eu consigo escrever uma cartinha para você num micro computador. E posso mais. Posso também escrever cartas para os fornecedores da empresa onde trabalho, em todo o mundo, usando uma língua que não é a nossa.

Mas, há muito tempo, foi você quem me ensinou as primeiras letras e as primeiras palavras. Você me dava aulas de caligrafia escrevendo as palavras no início da linha do caderno e eu tinha que repeti-las até o final.

Uma das palavras era “Esso”, sim, a marca da gasolina. Duvido que você lembre, mas eu nunca esquecerei.

Graças às aulas que você me deu, nunca precisei ir ao jardim-de-infância: Você me alfabetizou. Graças ao Português que você sempre falou e me ensinou, consigo expressar-me corretamente, usando os verbos no tempo certo.

Graças à tabuada que você insistiu em me ensinar, nunca esqueci que nove vezes nove é oitenta e um.

Era um tempo bom em que eu passava as tardes com você. No lanche havia mate quente com torradas. Você fazia as torradas apertando o pão no fundo da frigideira com um pouco de manteiga. Eram as torradas mais gostosas do mundo.

Às vezes, no trabalho, sem ninguém perceber, dou uma paradinha no que estou fazendo e viajo no tempo. Volto para nossas tardes na Avenida Maracanã. Lanchávamos ouvindo as novelas da Rádio Nacional naquele seu rádio de pilha marca Telespark.

Hoje em dia, nas empresas, há sempre muito trabalho a ser feito e poucas pessoas para fazê-lo. A gente vira máquina, mas é preciso. São muitas responsabilidades e não temos muito tempo. Nem para nós mesmos.

Ainda bem que tenho você. Ainda bem que tenho o seu colo, o seu coração e as suas preces.

Com todo o meu amor,

Sergio